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Pandemia evidenciou problemas em casamentos já desgastados, e buscas no Google por separação online dispararam durante o período de isolamento


Na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença… Embora os tradicionais votos de casamento requeiram um contrato de resiliência das partes envolvidas, ninguém esperava pela promessa de se manterem juntos durante uma pandemia que já resultou em meses de isolamento social.


Um levantamento feito pelo Google Trends mostrou que o convívio intenso provocado pela quarentena revelou uma certa urgência em romper os laços matrimoniais. Desde março, as buscas por “como entrar com um pedido de divórcio” cresceram mais de 3750%, e a procura por “divórcio online” aumentou 1150%.


Oficializar o término de um casamento através da internet é possível desde maio, quando o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou o provimento de número 100/2020, que passou a permitir que o divórcio extrajudicial seja feito de forma virtual.


A advogada Bárbara Heliodora, que atua na área de Família, explica que não houve mudança na lei apesar da flexibilização de não precisar comparecer ao cartório. A possibilidade vale apenas para casais sem filhos menores e que estejam em consenso, além da necessidade da presença de um advogado. “A procura pelo divórcio aumentou muito, então foi necessário adequar a situação ao momento em que estamos vivendo. Mas o divórcio no Brasil só acontece por sentença de juiz ou por escritura pública”.


Ninguém casa para se separar, mas se as pessoas não souberem lidar com suas crises, a busca pelo divórcio vai acontecer.


Roberto Debski, psicólogo


Mas não há nada de inesperado na alta procura por oficializar o término da relação, garante o psicólogo Roberto Debski. O isolamento só intensificou os problemas para aqueles relacionamentos que já apresentavam sinais de desgaste. “Se durante as crises um ia para um lado e o outro saia de casa, agora precisam ficar na presença um do outro, o que potencializa e agrava os conflitos”, explica.


Segundo o psicólogo, o cenário da pandemia trouxe duas perspectivas para os casais: as relações que estavam boas, melhoraram ainda mais; por outro lado, as que não estavam, pioraram com a proximidade constante provocada pela quarentena.


“Ninguém casa para se separar, mas se as pessoas não souberem lidar com suas crises, resolverem suas questões afetivas e criar um novo modelo de relação que inclua os dois, essa relação vai ficar mais agravada, as crises vão piorar, e a busca pelo divórcio vai acontecer”, afirma o profissional. 


A arquiteta de 44 anos, que preferiu não se identificar, sentiu na pele este último cenário e buscou a alternativa do divórcio virtual para terminar o casamento de oito anos. “Estávamos brigando muito, cheguei a sair de casa no auge da discussão, fui para casa dos meus pais. A carga emocional em função da quarentena e do home office foi extrema”, conta. Foi com a ajuda de uma amiga que ela conheceu a alternativa do divórcio virtual e conseguiu encerrar a relação.


Fonte: R7

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