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Não é novidade para ninguém que a pandemia detonou um grande número de casamentos, mas o que chama a atenção é que, todo esse tempo depois, o índice permanece estável. Entre janeiro e setembro de 2020 foram realizados 53.392 divórcios extrajudiciais em todo o país, ante 53.107 no mesmo período de 2021.

Aqui na Bahia, nos nove primeiros meses do ano anterior foram 1.265 dissoluções, contra 1.584 no mesmo período deste, uma alta verificada de 25%. Os dados são do Colégio Notarial do Brasil (CNB), e dão conta de um certo descompasso no campo das relações amorosas.

Os motivos de uma separação podem ser muitos, óbvio, mas a falta de planejamento – em especial o financeiro – é apontada pelos especialistas como um dos principais. “Seria mais prudente avaliar (a tendência) daqui a algum tempo, por meio de pesquisa, para poder se chegar a uma conclusão (mais acertada)”, diz o diretor e presidente da seccional do CNB na Bahia, Giovani Guitti.

“Às vezes o amor acaba mesmo, mas muito problema decorre da falta de planejamento, incluindo patrimonial. Na bonança tudo fica mais fácil, mas sob crise e estresse, a questão financeira repercute de forma significativa. Ainda que não se espere a eternidade, maturidade e diálogo são fundamentais”, fala o tabelião.

De acordo com o economista e consultor financeiro Antônio Carvalho, de forma resumida, outras dicas são “planejamento, parceria, franqueza, união, e pé no chão”. Têm mais, mas só essas já dão uma dimensão da coisa, frisa Carvalho.

“A vida a dois é complexa, a união de duas pessoas é a união de duas rendas, ou a divisão de uma. Tem os bons momentos, mas também fases de desequilíbrio, como com desemprego. E a redução de renda exige sacrifícios, requer mudanças de hábito, consumo, o que nem sempre é muito bem compreendido”.

O consultor destaca que, na história da economia, bem como acontece com as fórmulas dos índices que medem, por exemplo, renda, inflação, itens da cesta básica, entre muitos outros, levou-se sempre em consideração o núcleo familiar.

“Os doutrinadores sempre entenderam a sociedade no contexto familiar, nunca individualmente. Família é centro de receita e custo. A renda deve inicialmente atender os gastos da família e, em havendo folga, atender necessidades individuais de consumo. Do contrário é a união dos esforços”.

Segundo Carvalho, a regra de ouro para uma “convivência harmônica” no casamento é “transparência”. “Do ponto de vista financeiro não pode haver segredo entre casais”, responde ele ao ser perguntado se um deve saber quanto o outro ganha (de salário). “A renda é familiar, o orçamento é familiar, doméstico”, afirma.

Na última semana, a reportagem de A TARDE falou com duas noivas prestes ao subir ao altar, para saber como é essa parte de, em um determinado momento, ter de pôr o romantismo um pouco de lado para falar de coisa séria: grana.

Uma delas é a estudante de jornalismo Hadassa Aragão, 26, que casou no sábado com o jornalista Felipe Santana, 28. A outra é a engenheira civil Karine Brandão, 25, cuja solenidade de casamento ocorre em dezembro. Segundo as duas contaram, não há intranquilidade com relação a discutir o tema.

Hadassa e Felipe se relacionaram por três anos até decidirem pela união. O casório por si só já exigiu planejamento, com direito a pesquisa de preço, adiamento de data (devido à pandemia e o achatamento da renda). A parte mais pesada, porém, está por vir, com as contas da casa, como internet, água, gás, energia, ela diz.

Por sorte o casal não vai precisar pagar aluguel, umas das despesas mais pesadas em qualquer orçamento. A família cedeu um imóvel, e eles entraram só com uma pequena reforma. Hadassa conclui a graduação no final do ano, e a expectativa agora é pela efetivação / contratação na empresa onde faz estágio.

Juntar dinheiro

“O nosso objetivo era financiar um imóvel, também pensamos em alugar, mas vai ser bom (uma folga) para poder juntar’, diz.

Já Karine conta que o plano dos dois, “desde o início”, sempre foi casar, e por isso logo eles começaram a “planejar”. Karine conta ainda que ambos não costumam conversar sobre despesas, mas que com certeza eles devem “dividir” o que pintar.

“Tudo sempre foi dividido entre a gente, ele também sempre pagou muita conta. No primeiro ano e meio de relação fizemos tudo o que podíamos, mas logo depois passamos a anotar tudo na ponta do lápis, e viemos economizando. Divórcio tem relação direta com estresse financeiro, pois desestabiliza, abala o emocional, e aí começam os conflitos”.

Fonte: A Tarde

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