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Livro foi lançado em 2022 e é voltado para a literatura infantil. Escritora conversou com o CNB/BA

 

Escrito pela estudante de ciências sociais, Majori Silva, o livro “O Jardim de Marielle”, lançado em 2022 pela editora Mostarda, dialoga com a literatura infantil ao apresentar, de forma lúdica e consciente, a trajetória de Marielle Franco. A vereadora do Rio de Janeiro era uma mulher negra, socióloga e foi assassinada em 2018. Até hoje o caso está em aberto.

Em entrevista exclusiva ao CNB/BA, Majori Silva contou que a narração e construção de história estiveram presentes em sua vida aos quatorze anos de idade e, de lá para cá, as suas visões de mundo foram sendo construídas.

A escritora e estudante revelou que a motivação para a escrita do livro surgiu de forma inesperada, quando a sua sobrinha de quatro anos a perguntou quem era Marielle Franco. “Uma delas [sobrinha] viu toda a revolta que gerou em 2018 a partir do assassinato de Marielle Franco, aconteceram muitas manifestações, no meio disso ganhei uma boneca, e aí foi quando chamou a atenção dela que me perguntou ‘Quem que é Marielle? É a boneca que a senhora tem?’”, afirmou.
“E foi a partir disso que comecei a pensar em como iria explicar para a minha sobrinha que é tão nova que um corpo tão parecido com o meu, que é periférico, lgbt, e de uma mulher negra foi brutalmente assassinada? Como vou transmitir essa mensagem de uma maneira mais leve possível sem romantizar essa situação?”, relatou.

A escrita de Majori vem de influência externa e interna, que carrega nomes como Djamila Ribeiro, Conceição Evaristo e Carolina Maria de Jesus, além de seus pais, que representam para ela a sua maior influência de convívio e construção de história. Majori é nascida e criada em Campinas, mas para trilhar o seu desejo, decidiu estudar na Bahia. “Quando penso em inspiração, a inspiração mais próxima é meu pai, que é pernambucano, mas que muito cedo se mudou para o sudeste em busca de emprego. Lá conheceu minha mãe e tem três filhos, contando comigo. Ele se mudou muito cedo e não teve acesso à educação, não aprendeu a ler e escrever na escola, aprendeu sozinho em casa, e mesmo sem saber, sempre se fez presente nas reuniões escolares e nos deveres também. Ele sempre me contou histórias, e é uma grande influência junto a minha mãe”, lembrou a estudante de ciências sociais.

Novos projetos

Questionada sobre os novos projetos, Majori sinaliza que estão acontecendo, mas não se limitam a escrita. “Morando em Salvador estou aprendendo que pessoas têm momento, e neste momento estou em uma fase me conectar com a minha ancestralidade, para poder produzir e impactar os meus lá de Campinas, e essas produções não são necessariamente livros. Podem ser projetos inscritos ou não, como chegar até lá. Quando pensamos em Campinas e em Salvador temos uma distância muito grande, e essa distância não é só geográfica, ela também é cultural, principalmente quando penso em pessoas pretas. Campinas é conhecida por ser a última cidade a abolir a escravidão no passo em que Salvador é a cidade mais preta fora da África”, disse.

“Quando falamos de temas que tocam a nossa subjetividade, como se entender pessoa preta em um mundo a gente fala sobre temas muito potentes que conseguem nos ajudar a guiar aonde queremos chegar e me vejo neste momento, de tentar produzir coisas, de levar esses temas para a minha comunidade. Cresci uma criança preta e periférica em uma cidade muito embranquecida, senti falta disso, tem muita a valorização da cultura, da história e religiosa em Salvador, são inquietações que surgem no momento de produção de impacto para além da literatura, entendo a literatura como uma ferramenta muito potente, mas neste momento também entendo que posso usar de outras ferramentas para chegar nos meus”, completou.

Fonte: Assessoria de comunicação da CNB/BA.

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